Em um caso que chocou as autoridades e a comunidade educacional de Boston, Shelby Hewitt, uma mulher de 33 anos de idade de Massachusetts, conseguiu se passar por estudante do ensino médio por um ano inteiro em três escolas diferentes. O esquema, que envolveu identidade falsa, documentos fraudulentos e até mesmo um aparelho nos dentes, levanta sérias questões sobre a segurança e os procedimentos de verificação de identidade nas escolas. Mas o que realmente surpreende são os motivos por trás dessa jornada de engano.
“Daniella”: O Perfil Falso que Shelby Hewitt Criou para Reviver a Adolescência
A farsa de Hewitt começou quando ela tinha 31 anos e decidiu se matricular em três escolas distintas: Jeremiah E Burke, Brighton e English High School. Para convencer as administrações escolares, Hewitt criou documentos detalhados, e suas falsas identidades incluíam histórias comoventes e bem elaboradas. Em uma dessas instituições, ela se apresentou como “Daniella,” uma jovem em situação de risco, que supostamente tinha um histórico de dificuldades de aprendizado devido a traumas de abuso e tráfico. Hewitt, porém, não era uma adolescente vulnerável, mas sim uma assistente social com mais de uma década de experiência profissional e um apartamento próprio em Worcester.
Os detalhes de sua vida dupla impressionam pela complexidade. Além de assistir às aulas, Hewitt também participava de atividades extracurriculares, como o time de basquete. Durante uma viagem ao Colorado com amigos adultos, ela chegou a confidenciar que “não aguentava mais a pressão do trabalho” e, sem levantar suspeitas, continuou mantendo sua rotina de estudante clandestina em Boston. Sua amiga, Katie, relatou que Hewitt equilibrava habilmente suas duas identidades, deixando todos ao seu redor totalmente alheios ao seu disfarce.
Segundo pessoas próximas, o ponto de virada para essa decisão ocorreu após uma visita a uma vidente, que lhe sugeriu revisitar sua adolescência como uma forma de enfrentar traumas não resolvidos. Esta visita teria motivado Hewitt a adotar uma nova identidade e a mergulhar novamente nos corredores do ensino médio. Seu advogado, Timothy Flaherty, afirmou que ela foi diagnosticada com transtorno dissociativo de identidade (TDI), o que pode explicar, em parte, o desejo de fugir para uma “nova vida”. Esse transtorno, anteriormente chamado de transtorno de personalidade múltipla, pode levar a pessoa a criar novas personalidades como mecanismo de defesa contra lembranças traumáticas.
Investigação Revela Vida Dupla: Assistente Social de Massachusetts Acusada de Fraude e Identidade Falsa em Escolas de Ensino Médio
A farsa de Shelby Hewitt só foi descoberta após uma investigação interna do Departamento de Crianças e Famílias de Massachusetts, onde ela trabalhava como assistente social. As autoridades foram alertadas sobre a duplicidade de identidade, o que levou a uma série de acusações criminais contra Hewitt, incluindo falsificação de documentos, fraude de identidade, furto acima de US$ 1.200 e mentiras ao seu empregador. Os promotores do caso afirmam que, entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2023, Hewitt elaborou e manteve seu disfarce, explorando brechas nos processos de matrícula e transferências escolares para sustentar sua vida dupla.
À Espera do Julgamento: Caso de Shelby Hewitt Expõe Falhas no Sistema e Questiona Diagnósticos de Saúde Mental
Atualmente, Hewitt aguarda julgamento, previsto para o final de 2024, e se declarou inocente de todas as acusações. O caso lança luz sobre os desafios enfrentados por indivíduos com distúrbios mentais não diagnosticados e levanta questões críticas sobre como o sistema escolar e o setor de assistência social devem lidar com procedimentos de segurança e verificação de identidade. Para muitos, a história de Shelby Hewitt será lembrada como um exemplo de como o desejo de escapar da realidade pode levar alguém a extremos — e como, por trás de uma simples decisão, pode haver motivos psicológicos e emocionais profundamente complexos.