

Você já mandou alguém para o “quinto dos infernos”? Aposto que sim — ou pelo menos já ouviu alguém fazendo isso. Mas… você sabe de onde veio essa expressão tão típica do nosso vocabulário?
Acredite: tudo começou lá no Brasil colonial, no século XVIII, e tem tudo a ver com impostos, ouro e o descontentamento com os portugueses.
O que era o “quinto”?
Naquela época, a coroa portuguesa determinava que 20% de todo o ouro extraído nas terras brasileiras deveria ser entregue ao governo. Esse imposto era chamado de quinto, e era recolhido diretamente nas casas de fundição, locais onde o ouro em pó era transformado em barras e já saía “tributado”.
Depois de coletado, o ouro era embarcado em navios rumo a Portugal. E foi aí que nasceu a tal expressão…
“Lá vem a nau do quinto dos infernos!”
Quando os navios aportavam em terras lusitanas carregando os tributos vindos do Brasil, os portugueses exclamavam:
“Lá vem a nau do quinto dos infernos!”
Nesse contexto, “infernos” era como os portugueses se referiam ao Brasil — uma terra longínqua, quente, desconhecida e repleta de perigos e doenças. Para eles, era o destino dos indesejáveis. Sim, muitos condenados e desafetos da metrópole eram mandados para a colônia junto com o ouro. E assim, o Brasil passou a ser associado a esse lugar maldito e distante… o “quinto dos infernos”.
Uma outra versão da história
Existe ainda uma versão menos aceita, mas igualmente interessante: alguns historiadores sugerem que a expressão teria surgido do lado de cá do Atlântico, como uma forma dos brasileiros expressarem sua indignação com os pesados impostos cobrados pelos colonizadores.
Nesse caso, o “quinto dos infernos” seria Portugal, e o nome refletiria o sentimento de revolta dos colonos com a exploração fiscal.
O santo do pau oco

E como brasileiro nunca deixou barato… surgiu também a famosa expressão “santo do pau oco”.
Para escapar do pagamento do quinto, mineradores criaram uma tática criativa (e nada santa): escondiam ouro dentro de imagens religiosas ocas, como santos de madeira. As estátuas eram transportadas aparentemente inofensivas — mas escondiam verdadeiras fortunas.
E a derrama, é a mesma coisa que o quinto?
Não. Embora ambas envolvam impostos, a derrama era ainda pior. Ela acontecia quando os colonos não conseguiam pagar o valor estipulado pela coroa — que era calculado com base em uma meta anual. Se o valor não fosse atingido, a diferença era cobrada à força, e os brasileiros tinham que vender bens pessoais ou entregar o que tivessem.
Essa cobrança agressiva gerou grande revolta e foi um dos estopins da Inconfidência Mineira, em 1789. A insatisfação com os impostos abusivos só crescia e plantava, pouco a pouco, o desejo de independência.
Curiosidade que vale ouro
Hoje, mandar alguém para o “quinto dos infernos” virou apenas um xingamento popular. Mas por trás da expressão, há uma história rica em detalhes sobre a exploração colonial, a astúcia dos brasileiros e a luta por liberdade.
E aí, vai continuar usando a expressão do mesmo jeito depois de saber tudo isso?
Se gostou dessa curiosidade, compartilhe com os amigos e continue explorando o Coisas Interessantes — o lugar certo para quem adora aprender de forma leve e divertida!